quinta-feira, 27 de abril de 2017

Amar ao próximo não faz mais sentido para muita gente


Zygmunt Bauman, o grande sociólogo polonês e filósofo contemporâneo disse no livro "Amor Líquido", um conceito perdido pela humanidade e pensado pelo filósofo Kant. "A Comunidade Humana parece tão distante da atual realidade planetária quanto no início da aventura moderna. Nas presentes visões do futuro, o lugar que se tende a atribuir-lhe - se é que de fato se contempla tal atribuição - está mais distante que há dois séculos. Ela não parece mais iminente nem inescapável". 

Nunca poderia imaginar um futuro tão individualista, com pessoas que não acrescentam nada para ninguém ao longo dos seus dias vazios e fúteis.
A classe média é o cerne de toda falsidade vivenciada no Brasil. Se acham superiores aos pobres e na verdade não passam de instrumentos usados por uma elite que os despreza. Querem fazer parte de um mundo em que também são considerados escória.

Deixe de bater o ponto, pare de vender, não alcance a meta (cada vez maior e insaciável) e terá o seu verdadeiro pagamento, no olho da rua. Sua liberdade agora é uma prisão, um estilo de vida caro e que lhe acorrenta. E a pressão só cresce. Há uma fileira de concorrentes pelo seu cargo. Alcance a meta, alcance a maldita meta!
E assim, quando estiver exausto ganhará uma placa da empresa e um tapinha nas costas. Eles não precisam mais de você. Existe alguém mais barato e mais iludido para ser explorado. Você não é mais a empresa.

Seja burguês, tome whisky nos fins de semana, troque de carro. Tudo vai se encaixar como uma luva no seu padrão de vida e passará a ser imperceptível a curto prazo. Normal. O cheiro novo do carro passa, assim como os anos voam.

O que você fez de bom para alguém hoje? A caridade é muito maior do que uma esmola.
É uma palavra, uma aula, um exemplo, uma inquietação que você provoca em um ser estagnado, uma motivação, um tapa de luva no individualismo.

O mandamento de Cristo não será modificado. Amar ao próximo não sairá de moda. Não adianta olhar só o próprio umbigo e querer ser rico às custas de mentiras, corrupções e explorações. O político é só mais um.
A corrupção é uma metástase que evoluiu na sociedade brasileira.

Stefan




terça-feira, 25 de abril de 2017

Intelectopatas


Deus me livre dos bolsonáticos,
Deus me livre dos esquerdopatas e direitapados,
Deus me livre dos comunistas playboys (se ainda existem),
Deus me livre dos leitores da Veja,
Deus me livre dos seguidores do Pato da FIESP,
Deus me livre dos globistas,
Deus me livre dos religiosos hipócritas,
Deus me livre dos ditadores totalitários,
Deus me livre dos nacionalistas extremos,
Deus me livre da TV aberta,
Deus me livre dos grupos de whatsapp,
Deus me livre de quem não sabe ouvir,
Deus me livre de quem se acha e não é,
Deus me livre de quem não se coloca no lugar do outro,
Deus me livre de gente sínica,
Deus me livre dos mentirosos compulsivos,
Deus me livre dos invejosos infelizes,
Deus me livre de quem se alia com que não presta,
Deus me livre dos corruptos asquerosos...

Toda pena tem limite.

Stefan

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Nelson Piquet - o Antagonista ou o esportista mais autêntico do Brasil?


Nelson Piquet, o tri campeão mundial de Fórmula 1 que não virou herói nacional.
Ao contrário do ídolo Ayrton Senna do Brasil, esportista brasileiro mais reconhecido e idolatrado, Piquet não tinha uma imagem de bom moço.
Quando foi campeão pela primeira vez foi questionado por repórteres a quem dedicava o troféu. E na resposta foi categórico: dedico a mim mesmo. 
Uma resposta autêntica, mas não bem vista pela mídia e consequentemente pela nação. Poderia muito bem ter sido político e dedicado ao povo brasileiro. Mas, Piquet foi pontual. O homem que não teve apoio do pai na F1, usou o sobrenome da mãe para entrar no automobilismo, entendia tudo de mecânica e criou várias inovações na Fórmula 1 com o projetista Gordon Murray como: o aquecimento de pneus e até mesmo o Pit Stop como informa Elder Dias em sua resenha no Jornal Opção (link no post).
Era o antagonista.  Desestabilizava emocionalmente seus adversários como Nigel Mansell da Williams, zombava do nariz de Alain Prost na frente das câmeras e é claro, sobrou até para Senna. Piquet insinuava que o ídolo nacional não era muito fã de mulher.
Piquet era avesso ao marketing. Não fazia média com ninguém. Foi um gênio nas pistas, autor da maior ultrapassagem de todos os tempos sobre Ayrton Senna. E ainda teve tempo de mostrar o dedo do meio para o adversário. Pura irreverência!
Criticou as mudanças nos carros ao longo dos anos como a transmissão manual sendo substituída pela automática.
Uma figura interessantíssima para analisarmos o comportamento da mídia nacional em relação ao esportista.
Não foi ao enterro de Ayrton Senna e afirmou que não eram amigos para Marília Gabriela. Porém, foi no Roda Viva e respondeu tudo a respeito do acidente, isentando Ayrton de qualquer falha humana e falando mais uma vez o que pensa. Disse que foi falha mecânica, nadando mais uma vez contra a poderosa maré que é a Fórmula 1.
Ao contrário, o maior rival de Senna nas pistas, Prost, foi e enalteceu o ídolo, mesmo após ter publicado um livro que não falava coisas boas do piloto brazuca. Que contradição!
Piquet manteve a legitimidade de sua personalidade e não quis ir no enterro para aparecer.
Ao falar que Piquet não era bem aceito pela mídia, leia-se claramente Rede Globo. A rede que pauta tudo que é importante no país. Um anti-herói não faz o estilo global. Preferem lançar mocinhos e mais mocinhos nas novelas e cultuar ídolos vendáveis.
Nelson Piquet, sem dúvida, foi em diversas ocasiões um ser controverso, irreverente e até mesmo indesejável. Mas, sim, foi um gênio nas pistas. Um gênio incompreendido. E além disso, um grande empreendedor.
E só pelo fato de não ser político, seguir roteiros previamente estabelecidos e aceitar tudo que prega a imprensa merece respeito.

Stefan

Link citado abaixo: 




quinta-feira, 20 de abril de 2017

Nelson Rodrigues é tragédia. É dedo na ferida


Nelson Rodrigues, o anjo pornográfico pernambucano. 
Polêmico para todos os tempos.  
Tudo é denso, tudo é Dostoievski,
com sua visão trágica da existência e da sociedade. 

"De gente burra só quero as vaias", dizia.
Escrevia sobre o amor e a complexidade do ser humano.
Um ser complexo com suas tragédias próprias,
perdas e mais perdas,
até uma filha cega teve. 

Foi repórter de polícia aos 13 anos,
viu um delegado chutar uma mulher, 
por ser negra e grávida. 
Se deparou com a desgraça muitas vezes. 
E, de cigarro em cigarro, a trouxe para suas crônicas e personagens. 

Dizia, "toda mulher bonita é um pouco namorada lésbica de si mesma".
A caneta em suas mãos era mais mortal do que uma luger. 
Caía como a morte sobre o moralismo. 

Se dizia ex-covarde, mas para escrever o que escreveu,
haja coragem. 
A hipocrisia burguesa era seu foco de dramaturgo. 

O que diria das feministas hoje?
Um homem que disse: "Nem todas as mulheres gostam de apanhar, só as normais. As neuróticas reagem".
Seria queimado vivo em praça pública em pleno século XXI. 

Chocou multidões,
mas foi lido, 
foi assistido. E muito. 
Pela população que o queria queimá-lo. 
Marcá-lo com a letra escarlate. 
A multidão que ainda o lê. 
Vá entender! 

Essa é a vida. A vida como ela é. 

Stefan




quarta-feira, 19 de abril de 2017

A áspera verdade sobre o jogo Baleia Azul



Um jogo mortal, um pacto de suicídio.
Uma áspera e crua verdade que atinge jovens europeus e asiáticos.

As regras são claras:
50 desafios bizarros como não dormir, assistir a filmes de terror 24h por dia, ouvir horas e horas de música psicodélica preparam para o pior.
Às 4:20 uma nova ordem,
cumprir e eliminar fases como num jogo de vídeo game, registrando e publicando tudo.
Por fim, o último desafio: tirar a própria vida. 
O que é a vida para essas pessoas? Perguntaria Antônio Abujamra. 
Um gatilho a ser puxado, talvez seria a resposta.

Nas últimas semanas, três garotas alcançaram o objetivo máximo do jogo.
A morte.
Pulando de edifícios, se jogando nos trilhos de um trem. Simples assim.
Adolescentes de 15, 16 anos ceifando a própria vida sem ter vivido.
Desistindo de tudo.
O que se conquista com essa idade?
Um beijo? A perda da virgindade? Um baseado? Ou nem isso?
Provavelmente a última opção.
Nem isso. Apenas o silêncio no escuro.


Neste jogo não há vitória, somente derrota.

Stefan

segunda-feira, 17 de abril de 2017

O padecer do Rock


É triste ver os nossos ídolos saindo de cena. 
Alguns morreram jovens e deixaram sua marca na história de um gênero que está chegando ao fim. 
Num mundo líquido, onde tudo tem prazo de validade o gênero não tem mais força. 
Não haverá um novo Rolling Stones, pois nenhuma banda dura na mídia mais do que dois anos. E os caras estão na estrada há quase 60 anos. 
O rock emergiu numa geração que colocava a música no pedestal. Era a coisa mais revolucionária, contra a moralidade extrema e que carregava a bandeira da liberdade e em seguida de protesto. 
Hoje, quem está no pedestal é o smartphone e as redes sociais. O importante é curtir e ser curtido e no dia seguinte começar tudo de novo. Não há tempo para uma reflexão, para a construção de uma música como Bohemian Rhapsody, pois as pessoas não chegariam até o fim da melodia. O whatsapp vai piscar e o cidadão tem que visualizar logo quem é que está mandando mais uma futilidade. 
Os verdadeiros fãs remanescentes vão viver de memória. Já me vejo dizendo para as próximas gerações que no ano tal fui num show de Paul Mccartney, um ex-beatle. Será para eles como se eu tivesse conhecido Mozart ou Beethoven. Os caras têm um peso enorme na música e isso se elevará a 15ª potência. 
A nova geração que curte a boa música até tenta continuar com o legado do Rock, mas a verdade é que a sociedade não dá chance. Os tempos são outros. A tecnologia virou a própria sociedade, o que a torna cada vez mais insensível. 
Não há composições originais como de antes, e nisto eu sinto ser saudosista. Mas também há um gostinho de privilégio ao ver o efeito manada do sertanejo universitário, enquanto eu vivo a essência do Rock n' Roll. Quando essa turma amadurecer e cair na real, entender que viveram na época em que os caras estavam vivos e não vivenciaram o som e os shows, será tarde demais. 
As bandas de pub só tocam os sucessos do passado. 
O passado já se prolonga e é revivido antes mesmo do final absoluto. Do Armagedon. 
Os caras estão se aposentando e o público ficará órfão. 
É triste ver a debilidade alcançando os integrantes do ACDC, os anúncios de uma final tour do Black Sabbath, a indecisão do Aerosmith sobre fazer ou não a última turnê, o adeus de Chuck Berry...
A idade chega para todos e eles também cansam. Que pena! 

Stefan


 

domingo, 16 de abril de 2017

O Sopro

Foto: Tarot da transformação - Jorge Puente

O Sopro vem com o passar dos anos, 
de poucos ou muitos, 
vinte, trinta, quarenta,
de tempo em tempo.

O Sopro não anda sozinho. 
Tem uma amiga famosa, 
temida nos quatro cantos do mundo. 
Temperamental, como uma mulher naqueles dias, 
mais conhecida como a Morte. 

Juntos formam um casal pouco ortodoxo.
O Sopro é brincalhão, gosta de assustar. 
A Morte não tem bom humor e não dá brecha para brincadeiras. 
De vez em quando escuta o Sopro,
de quando em vez, não. 

Enquanto um brinca, o outro é estatístico,
cumpre com o seu dever. 
Cinquenta, sessenta, setenta, 
um avisa, o outro leva. 

É melhor receber o aviso do Sopro,
do que a carona da morte. 
Um dá pra adiar, corrigir, melhorar. 
Já a carona é uma passagem só de ida. 
Oitenta, noventa, cem...
Um bilhete sem endereço. 


Stefan

Milhões morrendo e se mutilando por poucos


O resultado final de uma guerra é uma triste cifra de milhões de mortos. Qualquer guerra tem esse efeito devastador e ignóbil. Soldados se lançam às metralhadoras por um objetivo patriótico patético, onde os verdadeiros "heróis" são os poucos poderosos que permanecem dentro de uma sala fumando seus charutos e bebendo dry martinis. 
Enquanto isso, famílias são destruídas, civis inocentes são mortos, prédios devastados, hospitais e cidades varridos do mapa. 
Tudo pela gula insaciável pelo poder, pelo dinheiro, pelas riquezas naturais que são usadas e destruídas. 
Na Coréia do Norte, um país doente. Um país onde não há liberdade. Onde só reside o medo. Falsas alegrias em uma propaganda governamental chula. Os olhares revelam a tristeza imposta por um ditador inconsequente, fruto de sucessões totalitárias. 
Nos EUA mais um republicano sedento pelo poder e por sangue. Mais filmes serão produzidos para alimentar a indústria. Gravar seu nome na história. 
As guerras mundias, guerras do Vietnã e do Golfo, e dezenas de conflitos no Oriente continuam alimentando o desejo dos futuros políticos pelo combate desenfreado. E assim, centenas de grupos extremistas se proliferam aumentando a tensão mundial. 
Os peões do xadrez, soldados, drones, mortes e mais mortes. 
Uma nova guerra mundial com uma pitada de poder nuclear? O que será do planeta? 
Talvez, os filmes pós-apocalípticos sejam um breve "deslumbre" do futuro. 
Mais uma dose, por favor?
Não, obrigado. 

Stefan

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Censurar o censurável


Na época da ditadura o censor era a pessoa que cortava informações que não estavam de acordo com as diretrizes do governo militar. Notícias não eram publicadas, tudo tinha que ser comunicado nas entrelinhas. Um momento triste da história do Brasil.
No século XXI a coisa se inverteu. As informações estão em qualquer lugar e você é bombardeado por uma infinidade de notícias.
Tudo que atrai cliques é notícia, inclusive, pois estes cliques significam dinheiro em tempos de internet. E isso banaliza um monte de coisas. Para alguns portais, a mulher fruta lendo qualquer porcaria na praia é digna de destaque na primeira página.

O culto ao corpo vale mais do que uma informação relevante. Músculos, bundas, seios e tudo que tem conotação sexual é produto a ser vendido. E não só isso. Informações irrelevantes como estudos científicos sem credibilidade são reproduzidos constantemente pela mídia sem o menor aprofundamento. Recomendo a leitura do artigo intitulado "Ciência vive uma epidemia de estudos inúteis" publicado em janeiro deste ano pelo jornalista Nuño Rodrigues do El País. No artigo, o autor cita uma pesquisa da Nature, onde 90% dos cientistas reconhecem que existe uma crise de reprodutibilidade na ciência. É um ciclo em que revistas científicas propagam estudos, que na verdade são muitas vezes, falácias sem comprovação. E a mídia adora propagar em seguida.
 
Para quem deseja sair desta bolha, basta assumir uma postura ativa e crítica diante destes bombardeios de inutilidades. Você pode ter um controle do que assiste, acessa, buscar fontes mais confiáveis e não acreditar em tudo que sai na mídia. O indivíduo tem o poder de censurar inutilidades, mentiras, censurar o censurável.

Stefan

Link do artigo:
http://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/10/internacional/1484073680_523691.html

terça-feira, 11 de abril de 2017

Universidade e a idade da razão


Escrevo este texto após uma experiência intensa ao longo de quase 9 anos como professor universitário. E pretendo prolongar este tempo de docente para o resto da minha existência, pois lecionar é uma motivação constante e que só aumenta a cada dia.

Neste período convivi e convivo com diversos perfis de acadêmicos. A cada semestre me deparo com novos desafios, novas experiências como educador que extrapolam todas as expectativas que tive antes de escolher esta vocação. Claro, que para melhor.

A questão maior aqui representada é sem dúvida, as diferenças entre alunos. Não quero que este texto seja técnico, por isso vou me ater ao fator motivação. É visível que há aqueles que estão na universidade para se transformar em algo melhor, ou seja, evoluir constantemente, adquirir conhecimento e se tornarem bons profissionais. Porém, existem alunos que insistem em um processo de empurrar os estudos, como se no final do semestre houvesse uma fórmula mágica de serem aprovados. Eu os chamo de alunos invisíveis que ao final de seis meses se tornam visíveis.

São pessoas que estão na faculdade, mas ao mesmo tempo não estão. Infelizmente, alguns se formam e até chegam no mercado de trabalho. Há uma polêmica sobre o termo ALUNO. Alguns acham que significa indivíduo sem luz, outros repudiam o termo.
Eu prefiro acreditar no que Sartre disse: "O indivíduo é condenado a ser livre". E realmente a liberdade é sensacional, mas vem carregada de responsabilidades. É livre arbítrio.

Ainda me surpreendo com a maturidade de alguns. Há estudantes incríveis! Que tornam a aula mais que espetacular. A transformam em um momento que o próprio professor não quer que acabe. E olha que ele é agente fundamental no processo.

Também é maravilhosa a sensação de ver a metamorfose ambulante daquele que não queria estudar se transformando em alguém que decide encarar o ensino. A motivação, a conversa, é um dos papéis do professor, mas o aluno é autor da sua vida. Não está isento disto. A universidade, sem dúvida, separa os homens das crianças.

É a idade da razão!

Stefan

* Escrevo este texto após o término de uma leitura proveitosa do livro "A idade da razão" do escritor e filósofo Jean Paul Sartre. 


segunda-feira, 10 de abril de 2017

Silvio Santos é o último respiro da TV Aberta

Foto SBT

O último dos moicanos, ou melhor, dos platinados. Depois de Silvio Santos a TV aberta passará por uma metamorfose.
Silvio Santos é um marco na televisão brasileira, um homem que tem um carisma gigantesco e que tem um lugar reservado no coração de todo brasileiro.
Quem poderia manter uma audiência respeitável em pleno ano de 2017 fazendo as mesmas brincadeiras simples de décadas atrás?
O programa de Silvio Santos não é megalomaníaco, não tem inovações, não é apelativo, mas segue uma fórmula consagrada e mantida pelo mestre das comunicações há anos! Completar frases, adivinhar uma charada, ver um número de mágica, assistir uma pegadinha. São coisas absolutamente simples. Porém, com Silvio Santos ganham outro peso.
O nosso apresentador tem 86 anos e uma vitalidade enorme para estar no auditório. Silvio Santos é um patrimônio do povo brasileiro.
Já passou o comando da emissora para as filhas. Sabe que o tempo é carrasco, implacável.
Homem inteligente que é, planeja o futuro da empresa, dos funcionários.
Como todo fã, estou na torcida para que se mantenha firme por mais um bom tempo no ar.
E é isso que o mantém feliz. A relação com o público.
No dia que Silvio Santos partir, tenho certeza que o Brasil sentirá uma dor como nunca sentiu. Nem mesmo quando Ayrton Senna morreu. Será o fim de uma era.
Ouso a dizer que a TV aberta sofrerá seu maior impacto.
A nova geração não terá mais a fidelidade da atual. Será um tsunami.
Novelas terão seu fim decretado. Programas de auditório serão extintos do mapa. A programação a cada dia que passa fica mais segmentada. No youtube já é possível fazer a própria programação, no Netflix temos liberdade para escolher o que queremos ver a qualquer hora do dia. São outros tempos.
Sou da geração que sabia esperar. Precisava esperar. Agora, ninguém espera por nada. São muitas opções. Se a sua série terminou, temos mais 15 no cardápio, é só escolher.
Hoje, uma pessoa numa cidade remota pode criar um canal no youtube e se tornar um fenômeno. Muito melhor do que assistir a malhação.
A tecnologia está tomando conta e todos podem ter voz, não é preciso Concessão. Basta uma boa ideia e um smartphone.
Tempos modernos!

Stefan



domingo, 9 de abril de 2017

Tempo para quem quer tempo


Enquanto uns querem dormir, 
outros querem permanecer acordados diante da exuberância da vida. 
Diante da vastidão de conhecimento a ser adquirido,
num mundo cuja sensação do tempo voa cada vez mais depressa. 

O tempo é precioso e milimétrico para quem sabe utilizá-lo.
É entediante e demorado para os que não enxergam com clareza suas possibilidades. 

Para os que reclamam que a semana não passa, sinto muito. 
O importante é tornar cada dia mais interessante e profícuo. 
Aprender algo em todo amanhecer é objetivo de vida. 

Enquanto houver livros nunca haverá tédio. 
Troque a preguiça por uma boa leitura. 
A monotonia só existe para quem quer. 
Para quem desconhece os imortais da Literatura. 

Drummond, Saramago, Sartre, 
Garcia Marques, Machado de Assis, Cervantes,
Nietzche, Lispector, Tolkien,
Neruda, Quintana, Suassuna, 
tantos nomes, tantas histórias, tantos mundos. 

E há quem só deseje dormir por horas e horas...
Sono para quem quer sono, 
tempo para quem quer tempo. 

Stefan



sexta-feira, 7 de abril de 2017

Livre-se dos bajuladores


A adulação é a famosa arma dos bajuladores, 
que estão sempre concordando com tudo. 
Incapazes de fazer uso da verdade.
Não possuem opinião própria, nem caráter. 
Se escondem na penumbra da falsidade. 

Maquiavel dizia: "é com dificuldade que se defendem dessa peste; querendo-se evitá-la, há o perigo de se ser desconsiderado, pois não há outro modo de guardar-se da adulação, senão fazer com que os homens entendam não fazer-te ofensa por dizer a verdade";

A verdade atinge o ego das pobres almas orgulhosas,
que se fecham no próprio mundo ainda mais cerrado. 
Um mundo pequeno, que não evolui,
apenas segue um fluxo contínuo e entediante. 

Escravos do poder, do dinheiro, do emprego. 
O bajulado forma uma ponte invisível com o bajulador. 
Ambos fingem ser amigos, fingem ser verdadeiros. 
O elo invisível, que um dia se torna insustentável. 
Quando surge uma nova vítima a ser bajulada. 
Um novo interesse. 
Afetando e trazendo consequências para ambos. 

Desse sentimento, só nasce erva daninha,
nada se cultiva. 
O fruto é morto antes da colheita. 
Até o objetivo se cumprir, 
até a próxima meta. 
Haverá quedas e mais quedas...




quinta-feira, 6 de abril de 2017

A última taça


Arnaldo morreu. 
Repentinamente, enquanto degustava seu vinho de quarta-feira.  
Um ataque fulminante no coração o levou. 
Na sua sala, vestido com seu pijama velho e desbotado. 

A morte lhe passou a perna. 
O vaidoso Arnaldo nem ao menos se vestiu apropriadamente. 
Não teve chance. 
Se tivesse, vestiria sua melhor camisa para ocasião, pentearia os cabelos,
passaria perfume. 

A morte não pediu licença. 
Entrou e levou Arnaldo sem cerimônia. 
Esticado no chão da sala, torto e com o rosto no chão. 
Pernas desajustadas, foi assim encontrado por Marta, sua empregada. 
Sem vida, olhos esbugalhados. 

Cecília o viu logo depois. Ainda daquele jeito. 
Não o reconheceu. Era outro homem, não o seu irmão. 
Um trapo, jogado na sala de Arnaldo. 

Após ser recolhido, somente sobrou a taça. 
Intacta. 
Com aquele vinho Chinon pela metade. Era mesmo seu irmão. 
E ali ficou alguns dias, para Cecília alimentar suas lembranças. 

Do irmão solteiro que lhe dava conselhos e a ouvia nas noites de tristeza. 
Um souvenir do boêmio da Lapa. 
Manteve a taça no mesmo local, com o último gole de Arnaldo. 
O último prazer. A última taça. 
A morte não pede licença. 
Leva sem cerimônia. 

Stefan



terça-feira, 4 de abril de 2017

A estrada dos sonhos


A estrada é o caminho, 
para um sonho distante. 
Que se aproxima pouco a pouco, 
a um passo determinante. 

Perder é ganhar, 
com outra perspectiva no olhar. 
Não é fácil se adequar, 
ao caos que é ter que lutar. 

O mundo tentará te dissuadir, 
te fazer chorar. 
Força para os dias de batalhas,
pois a vida é um equilíbrio no fio da navalha. 

A vida é uma estrada de sonhos,
que rompe o marasmo de um dia banal.
Somente os corajosos,
saberão traçar o caminho ideal. 

Stefan

segunda-feira, 3 de abril de 2017

A vida deve ser baseada em curtidas?

Cena da série Black Mirror

Com o advento das redes sociais, a interação passou a ser medida por meio de curtidas.
As curtidas elevam a autoestima, mudam um estado de espírito de ruim para bom ou até mesmo para ótimo. Determinam "amizades".
Algumas pessoas são tão dependentes das curtidas que se as não tiver em número abundante perdem o dia. Simplesmente não funcionam.
A curtida do facebook ou o coraçãozinho do instagram se transformaram numa espécie de termômetro de popularidade/emocional entre os jovens. Muitos podem negar, mas existe. E neste ponto me refiro aos jovens em relação a maturidade e não somente a faixa etária. Há jovens maduros e adultos infantis, que se tornam velhos depressivos.

A série Black Mirror tem um episódio que apresenta um contexto futurístico preocupante, onde tudo é baseado em curtidas. Desde alugar um carro, até comprar uma passagem de avião. Uma vida exposta em falsidades. A personagem principal tem que ser 24h por dia extremamente simpática com todos que se relaciona. Se tiver um momento de transparência perde pontos e tudo se baseia numa enorme competição por um status grandioso. Chega a ser patético.

Ninguém é perfeito e sempre está de bem com a vida, sorrindo e sendo a pessoa mais legal do mundo. A vida tem altos e baixos. Tem uma enorme capacidade de nos deixar para baixo. Mas na série se você tem um momento de tristeza ou de raiva deve se esconder. As relações comerciais mais básicas são baseadas em curtidas. Será que é isto que o futuro nos reserva? Espero que não.
Mesmo assim sou obrigado a dizer que muitas pessoas estão mais preocupadas com as curtidas das redes sociais, que se apagarão de um dia para o outro, do que com as realizações mais importantes da vida.

O escritor Oscar Wilde disse: "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe". 
O mundo virtual é um mundo falso. A linda garota da foto pode ser uma depressiva entre quatro paredes. O belo rapaz, um desajustado que se droga. Mas, não no mundo virtual. Todos são perfeitos neste mundo. E são reféns.
O algo a mais deve existir. A beleza acaba. Surgirão jovens mais belas (os). Mais curtidas (os). Momentaneamente, até surgir outras (os).
Dorian Gray só existe no livro. As rugas surgirão e a velhice tem o seu lugar. Como disse certa vez Nelson Rodrigues aos jovens, em uma entrevista a Otto Lara Resende: Envelheçam!
Talvez um envelhecimento na maturidade seria a mensagem que Nelson quis transmitir. Um conselho que só a vida e os anos percorridos proporcionam.
Com o passar dos anos, quem tem um cérebro funcional passa a querer agregar conhecimento, ler os clássicos, ter uma vida de mais valor e menos fútil. Embora, não todos. Nem sequer a maioria.

A publicitária Paula Trabulsi disse que prefere ser inteligente a ser bela. Por que? Porque a beleza acaba e a inteligência permanece. E para alguns nem isto.

As curtidas são tão efêmeras quanto uma vida vazia.
Stefan




domingo, 2 de abril de 2017

O vazio existencial de um corpo que só envelhece


Um novo dia surge e é um dia a menos no calendário da vida, 
eis que as escolhas estão na mesa. 
O que fazer? 
Aprender algo ou apenas seguir com o mesmo roteiro padrão? 

O roteiro padrão é o que a maioria faz.
Ser alvo de canais abertos que reforçam o quanto é importante não ter voz. 
Permanecer estático diante do futuro. 

Transformar o fim de semana num monumento resumindo-o a um copo de cerveja. 
Os mesmos restaurantes, a mesma poltrona do futebol, a mesma novela.
Torcer para a semana passar o mais rápido possível, 
para repetir com exaustão o modus operandi.

Ler para quê? Estudar já foi o tempo. 
É assim o pensamento de muitos, é assim que os políticos querem que as coisas aconteçam. 
De balada em balada, o circo momentâneo e a venda nos olhos.
Uma rotina sacal, sem um livro para abrir caminhos, 
sem algo que desperte o cérebro para novas ideias. 

E o corpo envelhece. 
E chega a idade como um carrasco,
que ceifa a existência. 
Uma existência vazia ou relevante? 
Ainda há tempo de escolher. 

Stefan