terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O suicídio, o imperceptível e uma retrospectiva pouco ortodoxa

George Frederic Watts - Descrença e esperança


Há um tempo não escrevo, mas tentei compilar algumas coisas importantes neste texto de fim de ano.

Dezembro chegou e mais um ano se finda. Tempo de olhar para trás e fazer um balanço do que foi 2017. Tentar entender o que fizemos de nossa vida. Acredito no misticismo de fim de ano, pois se encerra um ciclo e outro se inicia. É um chover no molhado necessário, pois essa passagem de ano significa que podemos recomeçar de uma forma melhor. Alguns devem tentar melhorar em vários níveis, outros apenas corrigir algumas coisas que não saíram bem. É uma reflexão do indivíduo consigo mesmo. Há aqueles que olham para trás com um misto de vergonha e tristeza e existem os que se orgulham da aventura que fizeram.

O fato é que ainda estamos respirando e o jogo recomeça. E a maioria quer jogar, ninguém quer ficar de fora. Participar e crescer, ter perspectivas de futuro, estudar, debater, atuar no mercado de trabalho, ter laços sociais mútuos e satisfatórios são fatores importantíssimos nesta jornada. É claro que isso não se conquista de um dia para o outro e sempre haverá percalços no caminho.

Émile Durkheim, célebre sociólogo francês, em sua famosa obra “O suicídio”, explica que a abreviação da vida se constitui em um fato social, diferentemente do que todos pensam, ser um ato íntimo. Durkheim explica que o indivíduo suicida é uma pessoa que considera sua existência um fato insuportável e as variáveis sociais são os principais fatores desta atitude. A força e a fragilidade dos laços sociais são determinantes neste processo. E quando Durkheim fala de laços sociais esses laços se estendem ao lado pessoal, profissional, crenças religiosas etc. O fato é que o autor possui dois centros de estudos em sua homenagem: um na Suécia e outro no Japão. Dois lugares com altos índices de suicídio. Pelo nome dos países dá para perceber que o Suicídio não tem relação com a pobreza. A ligação é muito mais profunda e diz respeito a uma sensação particular de isolamento e de solidão. Não ter o que dizer sobre si. Muito mais entristecedor do que ser o segundo lugar, muito mais entristecedor do que ser derrotado em inúmeras competições é estar excluído da sociedade, pois não jogar jogo nenhum é não existir na sociedade. Portanto, o suicídio é uma questão social.

Você deve estar se perguntando o porquê de eu estar falando isso neste texto de fim de ano?

Explico: A taxa de suicídios aumentou 12% nos últimos quatros anos. O número de pessoas depressivas aumenta a cada ano. A indústria farmacêutica vende milhões e milhões de remédios, pois a sociedade de consumo que nós vivemos tem fome de alimentar o seu ritmo alucinante. Todos querem jogar, todos querem ser felizes, todos querem mostrar que são capazes. Mas, neste mundo, infelizmente, não há lugar para todos.

Existe uma gama significativa da sociedade que alimenta um sistema cada vez mais desigual. Pessoas que vivem em ilhas isoladas (condomínios de luxo, bairros elitistas) e que querem distância de outras realidades. Indivíduos que possuem opiniões baseadas em superficialidades e estereótipos criados pela mídia, transformados em dogmas inquestionáveis. E neste processo algumas pessoas estão isoladas e depressivas. E algumas não possuem o devido apoio ou acompanhamento. Jovens, executivos, profissionais liberais, várias classes passando por tormentos imperceptíveis aos olhos dos outros. Os casos da “baleia azul” são apenas alguns exemplos.

Há filósofos e pensadores debatendo tudo isso e questionando a que ponto chegamos. Auditórios lotados de pessoas querendo alguma explicação para tamanha angústia e ansiedade. A Ética é um assunto muito debatido no momento porque há uma grande parcela da sociedade buscando evoluir e olhar às suas próprias falhas. Isso é o lado bom e representa coisas muito importantes para essa nova era. Representa indivíduos mais preocupados com o coletivo.   

A lógica do novo século está passando por uma metamorfose similar a uma furunculose. A infecção está saindo e vindo à tona no estrebuchar dos corruptos, dos falsos moralistas, conservadores hipócritas, pseudo-religiosos etc. Ainda estamos vivendo no século XX apesar de estarmos no século XXI. A lógica de produção sem limites está sendo repensada pouco a pouco na sustentabilidade outrora utópica. Mas as pessoas estão buscando mais informações e elas estão por aí, basta direção.


Essa nova geração de pessoas antenadas, independente da idade, é uma esperança de um 2018 melhor. Mesmo que vários indicadores preveem um cenário caótico, com intolerâncias ideológicas, as pessoas que se informam e querem mudanças em vários aspectos serão o bálsamo deste país. Ou se tudo der errado, uma esperança para seguir em frente. 

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O racismo de William Waack é apenas a ponta do iceberg de uma sociedade doente



A divulgação do vídeo em que o jornalista e apresentador do Jornal da Globo exerce um ato de preconceito contra os negros é apenas o fato inicial para o que vou abordar neste texto. Somente a ponta do Iceberg.
O preconceito, a intolerância e os atos de totalitarismo estão ganhando cada vez mais espaço na internet e nos diversos meios de comunicação. Alguns destes atos remetem a uma época medieval.
Fico imaginando o que passou na cabeça do jornalista Heraldo Pereira, companheiro de trabalho de William Waack no telejornal. Certamente deve ter ficado profundamente decepcionado com o colega que demonstrou total desrespeito pelos negros.
O desprezo por determinadas classes se transformou em algo recorrente para apresentadores de telejornal. Não devemos esquecer do dia em que Boris Casoy destilou seu desprezo pelos garis em plena bancada de seu telejornal. Se você não viu, a internet está aí para lembrar este triste episódio.
Pensei em expor as infelizes frases emitidas pelos dois jornalistas aqui neste texto, mas após uma reflexão e por respeito à dignidade de todas as pessoas decidi não fazer isso.
As máscaras um dia caem, pois ninguém pode sustentar a falsidade o tempo todo. Foi o que aconteceu com os dois citados neste texto. O que me deixou ainda mais pasmo, foi ler alguns comentários nas reportagens sobre o ocorrido. Mais uma vez eu percebi o quanto a sociedade está doente e tive a sensação de estar vivendo na Idade Média.
Associaram o racismo de William Waack ao fator político e disseram coisas partidárias que não tinham absolutamente nenhuma relação com o episódio. Alguns disseram que isso é normal e que existe muito MIMIMI da sociedade e voltaram a xingar um ou outro partido.
Fica parecendo que se uma figura pública é simpática a uma causa defendida por eles, tudo bem. O crime deve passar despercebido, ocultado.

INTOLERÂNCIA

O que dizer do retorno das tochas, nas manifestações em São Paulo contra a filósofa Judith Butler que veio falar sobre democracia? Manifestantes contrários repetiram atos da Idade Média e queriam que a filósofa não discursasse porque ela defende e estuda a teoria de gêneros. Tudo isso ocorreu, sendo que ela nem iria falar deste assunto. Mesmo que falasse, a intolerância com opiniões contrárias está chegando ao fanatismo.
Olho para o final do ano de 2017 e vejo um céu nublado. E se as coisas não melhorarem teremos relâmpagos, tsunamis e furacões de ódio em 2018. Enquanto alguns possuem máscaras, outros já não se importam com nada e demonstram desrespeito ao próximo com olhos de rancor. As duas coisas são péssimas.

Alguns levantam a bandeira da boa família, mas me pergunto se estes valores que pregam realmente estão sendo aplicados na prática. Lembro de Rubem Alves questionando aqueles que falam o tempo todo de Deus, mas esquecem de viver Deus. 

Stefan 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Acordei em um mundo estranho


Acordei certa manhã e me encontrei em um mundo que não me pertence mais. Rodeado de pessoas arcaicas e hipócritas revestidas de uma ignorância singular. Pensei em mudar de país, mas notei que essa ignorância é característica inerente ao mundo nesta época peculiar onde ditadores disfarçados de bem feitores estão ganhando multidões e eleições.

Levantei e me deparei com a violência sem precedentes, a ganância prevalecendo sobre o amor e as rajadas de balas sobre a multidão. Caminhei e presenciei um ser humano acabar com a vida de crianças lançando fogo sobre o álcool e multiplicando o sofrimento de mães na porta de uma creche.
Seres inocentes morreram por um momento de insanidade e maldade. Não conhecemos mais ninguém. Tudo é tão obscuro, tão perverso que quando a máscara cai só resta as lágrimas e a expressão de horror naqueles que presenciam o ódio.

Tentei seguir em frente, mas os prognósticos futuros só mostram os alienados que querem apostar em falsos líderes que chamam de mitos. Incapazes de perceber a onda de ódio que está assolando o país.
Os focos verdadeiros não ganham a atenção devida. É preferível desviar a atenção e os debates para um museu e uma expressão de arte que é insignificante para o mal que toma conta do país como o aumento constante da desigualdade e da injustiça social, da fome, do desemprego, das filas nos hospitais, da falta de verba para a educação, da entrega da Amazônia, dos impostos abusivos, dos acordos de delação que mais parecem férias remuneradas nas Bahamas.
 ´
O mundo está doente e a enfermidade maior se chama ignorância e o sintoma maior se chama passividade. Nada surpreende mais porque pagaremos a conta sem questionar no final. Mais um imposto é como mais uma droga para quem está entorpecido com tanta substância letal.
Querem permitir que o Brasil se transforme em terreno da mesma extrema-direita que assombrou Charlottesville na Virgínia, com tochas contra negros, gays, imigrantes e judeus. Totalitaristas e poder é uma combinação mais perigosa que fogo e querosene. Já estão falando em censuras até com shows de música. Querem retornar aos censores débeis, a intolerância, ao abuso de poder e exílio dos que resistem. Querem dar vivas ao retorno da ditadura.  

A hipocrisia disfarçada de religião ganhou seu ápice nos representantes da “boa família” que estão no Congresso. Os mesmos que insistem em propagar as curas para certos grupos, mas incapazes de olhar as traves e traves nos próprios olhos que insistem em julgar os outros. A Bíblia nas mãos destes farsantes ganhou traduções perversas. Como no Livro de Eli, aquele que detém o poder do livro controla massas. Este era o lema do vilão. E a grande lição de Jesus Cristo foi que amássemos o próximo. Entenderam errado.  


Cenários obscuros se instalaram em um caos de raízes profundas que parecem não ter limites. Não há o que dizer sobre o futuro, pois a energia está fixada no negativo há tempos. Pessimismo é mato diante destas transgressões. 

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Por que criança esperança e não criança alegria?



Começo este texto como uma pergunta provocada pelo Prof. Dr. Clovis de Barros Filho. Por que a filosofia materialista de Nietzche, Spinoza, Lucrécio, enquanto mestres espirituais é contra a Esperança? Resposta: Porque no final das contas consideram a Esperança uma vida triste.
Porque o slogan Criança Esperança é tão emblemático para o senso comum e nada importante para a Filosofia?
Primeiramente, porque esperança não é alegria, pelo contrário, esperança é o que falta. Esperança é o desejo. É como esperar um ônibus que não chega. É como ter um sonho que não se concretiza.
Esperança é um projeto no Brasil. Como somente uma pequena parcela da população é contemplada devido a imensa desigualdade social, o slogan Criança Esperança se encaixa perfeitamente. Do contrário, seria Criança Alegria. Nem todos podem ter uma educação de qualidade neste país. Nem todos podem planejar o futuro. O Brasil, 5º país em Economia e 153º em distribuição de renda nos mostra esta triste realidade. Alimentar a pobreza é um projeto, é um folclore que fica bonito na mídia. Sempre haverá suecos e americanos visitando favelas para mostrar o avesso do mundo aos seus conterrâneos e sair bem na foto com qualidade ISO 9000 e responsabilidade social nota 10. E o Renato Aragão vai surgir fazendo um discurso emocionado e continuando a alimentar o sistema.
E assim podemos aplicar a Esperança em vários setores da sociedade: Educação Esperança, Transporte Esperança, Saúde Esperança, Honestidade Esperança e assim caminha a humanidade. Para onde, não sei.  
Mudando de assunto:
Há alguns dias fiquei perplexo com a violência de um aluno contra uma professora. As fotos do olho inchado, sangue no chão e o rosto de perplexidade da professora me deixaram profundamente triste com a situação. Aquela agressão foi em todos nós profissionais da Educação. É preciso repensar os valores, pois esta situação não pode permanecer. A nova geração que está aí deve olhar para as outras gerações e compreender o significado de respeito.
O que mais me indignou foi alguns comentários envolvendo política e ódio contra a professora. Aplaudindo a atitude do aluno porque ela tinha tal posicionamento político. “A sociedade está doente”, me disse um amigo. Concordo com ele. Em algum ponto o freio chamado respeito deixou de funcionar.

Stefan Willian
Jornalista, escritor e professor
Autor do blog: https://prosafilosoficadehoje.blogspot.com.br/



terça-feira, 8 de agosto de 2017

A visão e as escolhas


A visão é uma das maiores dádivas da vida. Abrir os olhos pela manhã, olhar ao redor e imaginar um novo dia é uma sensação indescritível, pois cada dia é único e especial.
Não nos damos conta do grau de importância da visão no dia a dia, pois a concebemos como algo natural, mas a ausência deste sentido para qualquer ser humano seria o caos.

Enxergar o mundo, ler um livro, assistir um filme, ver os familiares, contemplar a pessoa amada é um milagre diário e imprescindível. Há aqueles que enxergam apenas sombras.

Inúmeras faces que se corromperam numa cegueira que os conduz aos caminhos mais tortuosos e obscuros.

Um juiz se corrompe com o luxo, ternos comprados em Miami, aumentos exorbitantes em benefício próprio e falta de bom senso para julgar os verdadeiros culpados. Este homem está cego, pois o poder o cega.

Uma mulher se corrompe pela fama e se lança aos paparazzis, sem controle, em busca de falsos holofotes, flashes interesseiros e acessos perecíveis. Ela está completamente cega, pois a fama é efêmera e a miopia se instala como um vírus.

Um médico se alia as corporações farmacêuticas e esquece de seu Juramento de Hipócrates, se tornando um profissional hipócrita e mercenário. Este homem cegou-se em benefício próprio e em detrimento de seus pacientes.

Um professor finge lecionar e não respeita seus alunos. Não se dedica a missão que lhe foi conferida e prejudica o coletivo. Este homem perdeu-se em um local sagrado: a sala de aula.

Um homem alcoólatra espalha terror e violência em sua família. Este homem se perdeu em um labirinto de autodestruição que gera consequências para os filhos que o cercam. Este homem perdeu-se na escuridão.

Um jovem se entrega as drogas como se não houvesse o amanhã e como se a vida fosse um eterno parque de diversões. A cegueira prejudica mais os pais do que o adolescente.

Em todos os cantos, em todas as esquinas, em todos os buracos a cegueira o espera. Ela pode ser atraente, é perigosa e acessível. Ter visão é muito mais que enxergar, é livrar-se do mal. Livrar-se do caos.

Stefan





sábado, 29 de julho de 2017

A tormenta brasileira



Nos últimos anos, a polarização entre esquerda e direita intensificou-se e a corrupção tem sido à tona dos noticiários desde então. Entramos em um labirinto, onde somos bombardeados a todo momento com todo tipo de falcatrua dos péssimos representantes que estão no poder. Só existe isto. Corrupção, delação premiada, prisão domiciliar, caixa 2 etc. No dia seguinte tudo recomeça como num filme de terror.
Após o Impeachment de Dilma Rousseff, o ódio também cresceu em níveis assustadores e o debate virou violência. Amigos se transformaram em inimigos por posições ideológicas distintas.
A direita mantém seu tom de clamar pelos quatro cantos que o grande culpado é o PT. Esse discurso já está cansando, pois, o importante agora é olhar para frente e procurar melhorar este quadro que se instalou como um vírus. A esquerda também não fica atrás e insulta quem pensa diferente.
E o país está definhando. A população está cada vez mais miserável. Se não encontrarmos o meio termo para que todos possam viver em um país melhor somente haverá trevas. A violência, a fome, o sofrimento só aumentam.
Não quero viver em um país, onde vejo crianças e adultos catando comida no lixo. Onde pessoas morrem nos hospitais cada vez mais lotados. Onde as pessoas de baixa renda não possam acreditar em um futuro melhor e mais digno através do estudo. Não possam ter uma moradia decente.
Se você está lendo até aqui, provavelmente possui um smartphone ou um notebook e está agora protegido sob um teto. Quando o inverno bate à sua porta você possui um cobertor para lhe aquecer, uma cama macia para dormir. Até mesmo um carro ou uma moto para leva-lo da casa ao trabalho.
Para muitas pessoas, isto é algo distante. Você pode pensar: mas o que eu tenho a ver com isto? Eu lhe respondo que tudo.
Pense como seria se um indivíduo que está no limite da degradação resolvesse cometer atos impensáveis e atingisse sua família, roubando, agredindo, ou até mesmo sequestrando um de seus filhos. Seria horrível não é mesmo? Pois, este mesmo indivíduo poderia ter uma perspectiva diferente se estivesse trabalhando, estudando, acreditando em um país melhor. Acreditando que poderia evoluir e viver dignamente. É o que move todo indivíduo.
Existe aquele que reclama pela liberação de um passaporte e existe aquele que reclama por um prato de comida. Eis aqui uma enorme diferença.
O ser humano não pode viver numa bolha, como se fosse uma quimera de sonhos, onde tudo é belo, como nos contos de fadas. Por mais rico que seja, um dia ele sairá para o mundo e encontrará obstáculos, desafios cada vez maiores. Não podemos apoiar um governo que só privilegia, os 5% que o aprovam e que daqui a um mês talvez nem chegue a isto.
O desemprego só aumenta. A violência em alguns estados como o Rio de Janeiro cresce tanto que as pessoas não querem sair às ruas.
É um período nefasto onde o egoísmo se sobrepõe a tudo. As pessoas que possuem dinheiro não podem ser tão cegas a ponto de querer ver os outros seres na miséria. Este pesadelo tem que acabar e é preciso repensar a política buscando representantes que lutem pelo bem comum e não somente pelos mais abastados ou por eles mesmos. Cargo público não é pretexto para enriquecimento ilícito.
Do contrário, as novas gerações passarão a viver cada vez mais em condomínios com muros gigantescos, onde não estarão preparadas para o mundo real.
Assim como o Alexandre Kalil declarou em uma entrevista, eu também estou cansado desse vai e vem de processos e pizzas que virou o congresso e a mídia. Enquanto isso tem gente morrendo de fome, tem gente necessitando de remédio nos hospitais e sofrendo para sobreviver a cada dia.
Parece o livro O Processo de Kafka, em que a burocracia vai e vem sem nenhuma objetividade e ficamos circulando em um labirinto sem saída, sem compreensão e sem final feliz.  Um tormento enorme, onde a justiça não surte o efeito esperado.
Eu quero a solução para dar mais dignidade a quem está na miséria. Não é utopia querer viver num país onde haja mais gentileza, educação, oportunidades e crescimento.

Stefan Willian


domingo, 23 de julho de 2017

O perdão de Judas



A Cruz, talvez, seja tão pesada porque assim a colocamos em uma quimera repleta de devaneios.

Com um beijo, o homem o traiu.
Após uma amizade construída, um outro homem o negou três vezes.
Qual a diferença entre estes dois homens perante a humanidade?

Um foi perdoado e é o fundador da igreja. O outro é o eterno traidor.
O arrependimento tomou conta de Judas de forma tão intensa que ele tirou a própria vida. Isto ninguém fala. Geralmente, param na parte do beijo. As moedas de ouro não tiveram nenhuma serventia para ele.
Pedro negou Cristo três vezes demonstrando seu medo diante dos inquisidores. Posteriormente, também se arrependeu e se revelou indigno de ser crucificado como seu Mestre. E assim o crucificaram de cabeça para baixo.

Todos falharam, mas Cristo em sua infinita bondade os perdoou até mesmo antes de sua morte.
E a humanidade insiste em não seguir seu exemplo. O perdão alivia a Cruz de todos.
Mas que Cruz é esta que todos insistem em carregar e a tornar tão pesada em uma existência tão efêmera? Muitas vezes quem a constrói é o ser humano imperfeito, se vitimando, se acovardando, prejudicando os outros e criando seus próprios tormentos.

Assim como Rodion Romanovitch Raskolnikov, personagem principal da obra de Dostoiesvski, Crime e Castigo, há muitos atormentados nesta sociedade vil, que cometem seus atos de monstruosidade. Ao contrário do jovem estudante do clássico russo, muitos multiplicam suas ilicitudes se esquecendo das demais e as apinhando em uma montanha de pecados do cotidiano. A espiação é o caminho de muitos e ela se manifesta das mais diferentes formas. Personalizada nos termos mais atuais e não menos adequada a cada indivíduo pérfido. Sendo assim, apenas acredito na Justiça Divina. Esta obra, na Rússia, é recomendada nas escolas para os jovens. Aqui no Brasil deveria ser também. Um choque de realidade na juventude é um bom remédio.

Mudando de assunto, resolvi fazer uma pausa nos telejornais, pois tenho pressa de acordar deste pesadelo e rogo que chegue logo as eleições diretas.
Tenho apreço por filmes de terror, mas só de vez em quando. Todos os dias é demasiado exagero e a minha impressão é que tudo isto não passa de uma grande encenação entre poder e mídia que já passou da hora de acabar, como todo filme B. Apesar dos efeitos na população serem bem realistas.

Há quem esteja queimando o Judas até hoje. Certamente não olhou para o Congresso. E talvez não olhou para si mesmo. E eis que aqui estou falando de política. Hora de parar.
Em tempos de tanto ódio e polarização política estes são os piores devaneios.
Confesso que fiz uma pequena jornada até aqui, mas como sempre, vale a reflexão.
Encerro este texto numa manhã fria e agradável de domingo.
E que a semana seja boa!

Stefan









quinta-feira, 6 de julho de 2017

A compaixão do vira-lata



Mais uma noite fria se repete. O ritual é o mesmo de todos os dias. 
Uma manta suja serve de casaco de dia e à noite vira cobertor. Papelões se transformam em um colchão, pelo menos na mente do velho maltrapilho. 
Uma parede e uma calçada lhe afugentam do vento que corre tão solto que dá para ouvir sua voz. A geada ecoa pelas ruas.

Vivo mais um dia, pensa. Resisto até quando? Imagina.
A morte seria um consolo para tempos difíceis. O ser humano é incapaz de enxergá-lo. A invisibilidade o corrói.
Apenas um cachorro se senta ao seu lado. Um fiel e leal amigo vira-lata.
Até as pulgas se misturam. Ali tudo é cumplicidade. Até uma quentinha recém conquistada por compaixão é dividida. Isto é amizade!
Esse cachorro o mantém vivo. É a companhia mais humana dessa existência cruel.
Ninguém deveria dormir na rua. É indigno.
Amanhã começa mais uma batalha para o andarilho. Adolescentes se tornam julgadores maléficos e o empurram caindo na gargalhada e se exibindo para as garotas que riem, com certa pena.
Mas afinal, o que importa? Pensam. É só um mendigo.
O cão late de raiva ao ver seu amigo na sarjeta. Avança e leva um pontapé do jovem descolado. Mais uma gargalhada surge na volta da escola.
Hoje, não posso comer, diz o mendigo. Tenho dor nos poucos dentes que me restam. Fala para seu interlocutor canino que se achega e lhe lambe as feridas.

É mais uma triste cena do dia a dia. Amanhã tudo se repete. E o frio entra em seu sangue. Pelo menos se conseguisse uma pinga para esquentar os pulmões, logo pensa.
Vai até o bar e olha para o balcão. O dono o vê tremendo. Pega um descartável e serve a cachaça da compaixão. Dose dupla.
Entrega o copo e o pede para seguir o seu rumo. Um incômodo ambulante, logo dispensado pelo empresário.
Sem nada no estômago, engole de uma vez o líquido que desce marcando o esôfago como um acalanto de inverno. 
Ainda deu tempo de passar um jovem num carro conversível, do papai, que grita a plenos pulmões. Bêbado vagabundo!
Alerta três senhoras voltando da igreja que olham do outro lado da rua e balançam a cabeça em negativa finalizando com o sinal da cruz.
Misericórdia! Diz uma delas. E ainda temos que conviver com isto! Concorda a outra beata que acabara de confessar.

E o mendigo se afasta mais uma vez, como se desculpasse do pecado que não cometeu. Aperta o passo para não perder a calçada, certificando de que a fina manta e os papelões ainda estejam com ele. A gélida noite se aproxima. 
O vira-lata, o mantém a vista e não larga o dono. Mais que um amigo, um anjo.
Simeão arruma mais uma vez seu quarto improvisado na noite mais fria do ano.
Deita, e o amigo se aconchega ao seu lado tentando lhe transmitir algum calor. O próprio Simeão se recorda que tem nome e abraça seu amigo de forma intensa como se dissesse que o amava. O vento vem mais forte.
Uma lágrima escorre dos olhos do velho e o cachorro lhe devolve um olhar tristonho. É a última noite do maltrapilho. Sua despedida. Pela manhã, não levantou-se mais.
O cão não entendeu quando o levaram. Porém, latiu. Latiu muito! Protestou como num tribunal. 
A amizade das ruas tem laços mais fortes que se possa imaginar. Seria bom ter um final feliz para o vira-lata tão humano. Mas, com o fim da dupla não resistiu duas noites. Morreu como seu dono, de uma tristeza infinita. 

Stefan 

terça-feira, 4 de julho de 2017

Os deuses da música


Se no Olimpo reinava Zeus, Poseidon, Hera e Atena, no mundo da música ninguém reinou mais do que a Rainha.
Uma banda formada por deuses. Na guitarra um homem feito para dedilhar sua Red Special, Brian May, um gênio da música e da astronomia. No baixo, o lorde John Deacon e sua precisão absoluta. Na bateria o incrível Roger Taylor, destaque também nos vocais.
Mas como todo quebra-cabeça faltava uma peça para completar o maior quarteto musical de todos os tempos.
Quem poderia estar à frente desta verdadeira orquestra do Rock formada por deuses?
Simplesmente, a maior voz que já se ouviu em todos os cantos do mundo. A lenda Farrokh Bulsara, mais conhecido como Freddie Mercury. Ninguém o superou e jamais o superará. Impressionou até os clássicos cantando ópera com Montserrat Caballé. Uma voz poderosa e única.
Fama, drogas, sexo, dinheiro, doença. Freddie jamais cantaria novamente.
Cantou até morrer em 1991. Made in Heaven foi o último registro. Póstumo.
Freddie definhou no estúdio contribuindo até o fim para o álbum.
E assim, a maior banda da história se desfez.
Ninguém ousou mais que a banda Queen.
Que fique registrado sua ousadia. Sua imortalidade.
O show sem Freddie não continuou tão bem. Não há no mundo quem possa substituí-lo.
As cortinas se fecharam para sempre.
Mas, as músicas continuam vivas em nossos corações de fãs.
Who wants to live forever...


sexta-feira, 30 de junho de 2017

Um futuro em que a evolução seja o passado


Imagine um lugar no passado que só seria possível no futuro. Um lugar sem o excesso de tecnologia, sem computadores, sem a explosão de informações que desinforma. Para muitos seria insuportável, mas não para todos.
Prevejo um futuro repleto de comunidades que estarão saturadas de tantos bytes. Em que as pessoas voltarão a olhar nos olhos umas das outras e conversar sem olhar as atualizações de um dispositivo móvel. 
Uma ruptura total entre ser e máquina. 
A tecnologia a cada dia se apropria mais e mais do seu dia. Para algumas pessoas ela se tornará tóxica. 
O mundo a cada dia é mais composto por comunidades dos mais variados gêneros e ideologias. Fragmentado. 
E haverá uma comunidade que irá desacelerar. E novos grupos surgirão. 
A sociedade do consumo cria a cada dia novos mecanismos que substituem os humanos por máquinas. As máquinas sempre serão mais produtivas. E assim, pouco a pouco, o ser humano em muitas de suas funções se tornará dispensável. 
Muitos cientistas querem tornar-se Deus. Humanizam robôs e desumanizam a si mesmos. O afeto falso de máquinas será uma realidade ainda mais deplorável. E muitos irão aderir. No oriente, principalmente no Japão isto é uma obsessão. Já está virando realidade. As consequências disto serão graduais. 
Aos poucos, um robô aparece ajudando um idoso. Tudo será lindo e todos irão aplaudir. 
Em seguida, aparecerá robôs sendo vendidos em todos os lugares e para todas as finalidades. Será a era robótica. Muitos irão gostar e muitos irão odiar. 
O seleto grupo de pessoas que estiver ganhando dinheiro gostará mais. Haverá todos os tipos de robôs à venda. 
E assim muito se perderá. A ruptura mostrará um novo caminho. 
Um caminho que já existiu há tempos, no passado. 
E esta será a trajetória das comunidades saturadas de tanta "evolução". 
As pessoas querem evoluir, mas não se perguntam para onde toda esta tecnologia nos leva. 
É uma inteligência, envolta em ganância e estupidez. 
"Existe um tempo para ousadia e um tempo para cautela, e o homem sábio sabe o momento de cada um deles". (Sociedade dos poetas mortos)

Stefan

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Inspiração é às vezes ter maluquez controlando a lucidez



Raul Seixas sempre será uma inspiração.
Um cara que escreveu:
"Enquanto você 
se esforça pra ser 
um sujeito normal 
e fazer tudo igual. 
Eu do meu lado 
aprendendo a ser louco. 
Um maluco total. 
Na loucura real. 
Controlando 
a minha maluquez, 
misturada 
com minha lucidez. 
Eu vou ficar com certeza 
Maluco beleza"
Estes versos são de uma profundidade oceânica. O maluco beleza está dentro de todos nós. Ele filosofou e criou uma obra-prima que o próprio Paulo Coelho invejou. O escritor disse certa vez que gostaria de ter feito esta música. Raúl escreveu. 
Descreveu uma humanidade quicá lúcida com temperos em doses distintas de loucura. E quem é totalmente SÃO neste mundo doentio? Onde os "normais" se entorpecem de remédios e só conseguem viver na tarja preta...
Onde crianças são criadas no meio do consumo e na contramão do amor e do calor humano.. aprendem a barganhar desde cedo... onde roubar milhões é um ato mais perdoável do que roubar para sobreviver... onde ver pessoas catando comida na lixeira, sem moradia é absolutamente normal enquanto construímos estádios bilionários para virar elefantes brancos...
Realmente nem precisava comprovar que o ser humano usa apenas 10% de sua capacidade cerebral. Talvez nem isto. 
Enquanto é mais interessante criticar a mulher que amamenta seu filho na rua do que se indignar com os caixas 2, 3, 4, 5 e por aí vai que existem para bancar a vida luxuosa dos corruptos que nos des-governam, eu sou obrigado a dizer que os lúcidos que aí estão são mais loucos que imaginam. 
E como eu discordo de todo esse protocolo imbecil socialmente aceitável, prefiro em 10 mil anos de vida ficar com certeza, maluco beleza. 
O maluco beleza deve ser mais aceito, pois sente que o mundo está do avesso. Questiona e se indigna. 
O cartão de crédito continuará proporcionando falsas alegrias momentâneas. Até quando?
Desacelerar é preciso. Neste ritmo alucinante ninguém sabe para onde vai. "Envelheçam!" Disse Nelson Rodrigues aos jovens. Por um mundo com menos instagram stories. Às vezes me pergunto onde as pessoas arranjam tanto tempo para postar tanta coisa "útil". 
O clamor social não existe enquanto o povo está colocando orelhinhas de coelhos e olhinhos postiços nas postagens. Enquanto isso podem roubar nosso país que tá tudo certo. Alguma semelhança com os índios que receberam espelhos dos portugueses enquanto eles levavam toda nossa riqueza e muito mais? 
E um dia ouvi um cidadão dizer que índio não presta. É tudo inútil! Disse. 
Acho que ele ainda não viu o instagram. 
Esse país só para quando bloquearem as redes sociais. Gostaria de ver o que aconteceria se num belo dia o facebook, o whatsapp e o instagram fossem desativados. Aconteceria a maior revolução deste país. Diretas já seria fichinha. 
Milhões nas ruas clamando pela vida (virtual) roubada. 

Stefan

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Quando o ser humano se transforma em uma empresa



Liguei a televisão e estava passando uma entrevista de Marília Gabriela com uma garota de programa. Uma declaração da entrevistada me chamou a atenção. Ela afirmou: "Hoje sou uma empresa"
Em tempos de Marketing Pessoal não é estranho que profissionais das mais diversas áreas se transformem em pessoas jurídicas. 
Cabe uma reflexão: empresas não têm sentimento, visam o lucro e possuem um olhar cada vez mais macro e voltado às mudanças de mercado. 
Quando o ser humano se transforma em uma empresa ele absorve grande parte dessas características. Perde sua humanidade e sua originalidade. É um graveto que balança de acordo com o soprar do vento. 

As cifras podem ser como ervas daninhas. Neste caminho tortuoso de sobrevivência é tarefa importante não deixar os valores para trás. 
A essência não é comercial. Nem tudo se compra, nem tudo está a venda. 
Rubem Alves dizia: "Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa". 
Há crianças que perdem a infância satisfazendo a vontade dos pais de serem famosos e estarem em evidência em algum veículo midiático. Simplesmente para serem exibidos como troféus para a sociedade. Não sou contra àqueles que sabem dosar e propiciam aos filhos momentos de lazer, de serem de fato crianças. Mas, sou contra pais que tiram a infância dos filhos e que se beneficiam com isto à qualquer custo. Mesmo que jurem que não têm esta intenção. 

Sou contra alunos que se posicionam como clientes e chegam ao ápice da falta de bom senso ao dizer. "Estou pagando, pago o seu salário". Graças a Deus nunca aconteceu comigo. No ambiente educacional não deve haver esta premissa. O conhecimento não se adquire com um cheque e sim com estudo e reflexão. 

Jovens também estão se transformando em empresas fitness no Instagram. Agora os likes também representam money. Até quando surgir alguém mais bonito e mais curtido. Não esqueça o prazo de validade que é implacável. É bom lembrar que os patrocinadores não esquecem jamais. 

E nesta metamorfose ambulante caminha a humanidade. A linha é tênue em ser uma empresa ou um produto. Uma afirmação cruel? Nem tanto. Depende da perspectiva. 

Stefan




terça-feira, 30 de maio de 2017

Rubem Alves - o brasileiro que pensou numa Educação verdadeira



Para quem não conhece Rubem Alves, saiba que estou fazendo um texto sobre um dos maiores brasileiros que existiu. Educador, escritor, filósofo e provocador.
Um homem que entendeu a Educação de forma ampla e progressiva. Teve contato com todos os públicos e enxergava nas crianças os seres mais interessantes. Questionadores, observadores e verdadeiros. Todo o encanto de uma criança se perde com o passar dos anos. A omissão, a mentira, a politicagem são características intrínsecas do ser adulto. A criança quando não gosta não mente. Ela pergunta coisas fantásticas do tipo: por que o sapatinho da Cinderela não se transformou em um calçado simples após a meia-noite? Por que não desfez o encanto?
Essas são observações deste ser humano fantástico que foi Rubem Alves.
Um grande observador. Criticou as grades curriculares e as comparou com prisões. Rubem não gostava deste termo que "engessa" a Educação. Odiava para falar a verdade. A grade é como uma prisão.
Na entrevista que concedeu a Antônio Abujamra teceu comentários sobre a Escola da Ponte que visitou em Portugal. Falou do modelo de ensino da escola que é totalmente diferente das tradicionais. Uma criança o apresentou o contexto da escola e enfatizou os grupos de estudo. As crianças com deficiência se sentiam mais inseridas no processo ensino-aprendizagem. A escola foi alvo de protestos porque o ser humano não tolera o diferente. É condicionado a pensar de forma padronizada, seguir uma estúpida linearidade que nos leva a lugar nenhum.

Rubem Alves era fantástico e o meu papel é singelo neste texto, mas faço questão de propagar seus ideais pelos anos que terei pela frente. Há muito tempo gostaria de escrever sobre ele. Há anos faço referência em minhas aulas ao grande Rubem Alves. Escrevo com certa tristeza porque ele já se foi. Um grande amigo disse uma vez que o tinha como se fosse um parente e eu me identifiquei.
Vejo e revejo sua entrevista no programa Provocações e não me canso. Vou assistir essa entrevista para sempre.

Que bom que ele existiu. Criticou as religiões. Por que o celibato? Por que a virgindade mesmo após o parto de Maria?
Por que ver Deus como um ser punitivo, um carrasco?

Questões mais do que importantes. No dia 19 de julho de 2014 ele se foi.
Rubem Alves, você ainda vive em nós.
Obrigado!

Stefan Willian


segunda-feira, 29 de maio de 2017

O Brasil foi violentado e continua sofrendo abusos



O Brasil é um país com recursos naturais abundantes, ótimo clima, magníficas paisagens, possui a maior floresta do planeta com uma biodiversidade incalculável, pré-sal, estados que possuem a maior diversidade cultural e com climas heterogêneos, a comida mais saborosa, um povo bonito e acolhedor.

Esta é a definição clara de nosso país. Agora peço licença para o desabafo:
Somos uma nação que tinha tudo para prosperar, ser uma referência em todos os âmbitos. Poderíamos viver bem, como nação desenvolvida e referência em todas as áreas de conhecimento. Se o Brasil quisesse não dependeria de ninguém. Temos tudo e mais um pouco em nosso solo. Até tecnologia de ponta poderíamos produzir se não fosse a intervenção de fora. 

Mas, o que acontece é que o Brasil continua sendo uma colônia dos povos estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos. Nossos governantes são os mais egoístas e corruptos e por isso bloqueiam como querem o desenvolvimento. As políticas internas são construídas com objetivo de limitar o povo. Manter o máximo de gente na miséria. 

Como se explica as taxas absurdas de impostos? Tudo é colocado na conta do pobre assalariado. E é absurdamente revoltante esta ganância voraz dos nossos governantes pelo poder a todo custo. Eles preferem que uma mãe se mate para sustentar o filho do que perder uma garrafa de champagne. Pessoas morrem de fome, passam aperto, doenças psíquicas para sustentar estes bandidos que são eleitos para criarem projetos e mais projetos que visam destruir a população. E são muito bem remunerados para isto. Inclusive, nós pagamos em dia. 

O Brasil chegou no ponto máximo de escárnio. É um país que foi estuprado e continua sofrendo abusos destes monstros que infelizmente são reais. Antes fosse um pesadelo como nos filmes de Freddy Krueger, mas o país não consegue se despertar. 

Dostoiévski disse: "Eu penso que se o Diabo não existe e foi simplesmente criado pelo homem, este fez à sua imagem e semelhança". Jesus deve olhar lá de cima com muita tristeza. Aqui é um Éden que virou Inferno. 

E Abujamra complementou: "Eu não sou provocador: SOU PROVOCADO. É o meu país que me provoca toda vez que leio os jornais". 
Daqui a pouco as crianças já estarão agregando ao seu vocabulário palavras como propina, delação premiada e foro privilegiado. 

O pior é tolerar os "sabichões" que se (des) informam pela Globo e Veja e acham que estão por dentro de tudo. Não passam de haters. 

Lamentável esta podridão que assola o país do Oiapoque ao Chuí. E nesta revolução os memes não vão salvar ninguém. A única salvação é ir para a rua pedir basta. Eleições diretas e depois a Reforma Política, mais do que necessária. 

E que os corruptos sejam presos aqui, ou até mesmo nos Estados Unidos. Que respondam e paguem por seus crimes contra a nação. 

Basta! 

Stefan






domingo, 28 de maio de 2017

Que proliferem os sebos!


Caro leitor, 
neste texto peço permissão para ir na contramão da sociedade tecnológica. É mais que um dever cívico e de professor falar sobre a importância dos sebos. 
Para quem não está familiarizado com a palavra sebo, segue a tradução: é uma livraria onde se compram e vendem livros usados. 
Por que eu prefiro os sebos às livrarias? Simples, quando o leitor vai a um sebo ele assume a posição de aventureiro, um explorador de terras desconhecidas. Numa livraria você tem as seções bem definidas: Romance, Educação, Religião, Filosofia, Infantil, Estrangeiros e por aí vai. 

Já no sebo você tem que explorar o local à procura do livro do seu interesse. Além de apurar a qualidade da obra escolhida, ou seja, se tem de fato condições de leitura. E muitas vezes você encontra obras fantásticas por um preço bem mais em conta do que se cobra nas livrarias. Uma ida a um sebo é uma aventura fantástica e os tesouros que você se depara são os grandes pensadores e escritores que nos levam a cenários magníficos e inusitados como Machado de Assis, Oscar Wilde, Jean Paul Sartre, José Saramago, Tolkien, James Joyce, Nelson Rodrigues...

É inconcebível ver pessoas tão críticas em tempos de internet, mas que não têm o hábito de ler. Críticas vazias e infundadas. Não podemos aplaudir os haters. É tempo de sair da letargia da ignorância e começar a ler. Se cada brasileiro lesse dois livros por mês, não estaríamos vivendo esta barbárie de corrupção e ineficiência administrativa. A educação deve estimular o processo reflexivo.  

Nas escolas, os alunos enxergam a leitura como obrigação devido as atividades submetidas. O livro vem sempre acompanhado de uma tarefa às vezes fora de hora que é um resumo, resenha ou uma prova de múltipla escolha. Isto pode afastar o aluno. Difícil uma reflexão mais aprofundada quando a atividade é cercada de instrumentos avaliativos que colocam a leitura em segundo plano, dando lugar aos pontos. É óbvio que é importante saber elaborar uma resenha, mas primeiro é primordial estimular a leitura e não transformá-la numa prática condicionada e até mesmo enfadonha. O primeiro passo sempre é o estímulo.

Para Umberto Eco "a leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã ou nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional".

Isto é fato. Alguns mecanismos tecnológicos como o Kindle aproximaram a leitura da juventude. O importante é ler, não importa o meio. Particularmente, prefiro o livro. Gosto tanto do livro novo, quanto do livro usado e suas páginas amareladas. É uma viagem no tempo ler Machado de Assis num livro antigo, que também vai te levar a outro século. Que proliferem os sebos!

Àqueles que não gostam de ler: preste pelo menos um serviço à sociedade e passe para frente alguns livros que estão parados na estante. Talvez, obras que foram herdadas e não têm serventia para o seu brazilian way of life

Assim todos ganham. Principalmente, nós leitores e os livros que não ficarão presos como pássaros em gaiolas. 


Como diz Mario Sérgio Cortella: "É tempo para o conhecimento!"


Stefan Willian

terça-feira, 23 de maio de 2017

Qual é a sua matéria-prima?


Qual é a sua matéria-prima? 
A matéria-prima é o que move o mundo. 
É o combustível do ser humano.
O que o torna produtivo?
 Qual é a sua?

Uma empresa não sobrevive se o produto não tem demanda. 
Um portal de notícias não sobrevive se não se atualiza. 

O minério de ferro, as placas eletrônicas, os fios condutores,
as informações. 
Tudo é matéria-prima. 
O que você fornece para a sociedade?
Quanto vale o seu produto no mercado?
O que você faz bem?  
Quanto mais abundante a matéria-prima melhor. 

Ela está no que você faz de melhor.
A minha matéria-prima é infinita.
É o cotidiano.
É a vida. 
É um acontecimento que vira reflexão. 
Que provoca. 
Que caminha. 
Qual é a sua matéria-prima?

Stefan Willian 


segunda-feira, 22 de maio de 2017

Quando o comediante chora...



Sem dúvida, a profissão mais difícil e desafiante de todos os tempos é a de comediante. Fazer uma plateia dar gargalhadas não é tarefa fácil. Ser comediante é nascer comediante. É um dom e poucos sabem usar esta habilidade. Além do mais, é ter que fazer os outros rirem mesmo quando se quer chorar.

Lembro-me como se fosse ontem do dia em que passei mal de rir com um filme. É importante explicar este passar mal. Era inacreditável. Eu chorava de rir, meu estômago dançava no meu organismo. O responsável era um ator baixinho, peludo e que falava muito rápido. Seu nome: Robin Williams. O filme: Uma babá quase perfeita.
É uma memória que carrego da minha infância. Tinha uns oito ou nove anos e sempre que vejo este filme me recordo daquela noite, assistindo Tela Quente.

Escrevo este texto, caro leitor, porque ontem assisti a mais um filme clássico de Robin Williams. Já tinha assistido nos tempos de colégio, porém filmes bons a gente assiste mais de uma vez. O Pescador de Ilusões, é sem dúvida uma obra-prima. E me deparei, mais uma vez, gargalhando em uma cena no restaurante. Williams, de forma sutil, nos faz rir em uma cena singela comendo comida oriental e fazendo uma bagunça com os outros personagens.

Foram tantos filmes marcantes na sua carreira que é impossível assistir somente uma vez. Sociedade dos Poetas Mortos é esplendido, Patch Adams emocionante, Gênio Indomável reflexivo, Amor além da vida metafísico, Tempo de despertar impressionante, Bom dia Vietnã magnífico, Hook - A volta do Capitão Gancho espetacular.

Nas décadas de 80 e 90 Robin dominou tudo. Não existiu nenhum comediante com o raciocínio mais rápido que ele. O único que conseguia emendar uma piada na outra e fazer você rir de duas situações ao mesmo tempo sem sequer digerir a primeira. Ele falava tão rápido que bagunçava o cérebro do espectador, causando espasmos de risos no público. David Letterman que o diga: o recebeu mais de 50 vezes em seu talk show. Era audiência na certa.

Mas, voltando ao início do texto, o que acontece quando se vive um drama e tem que ser engraçado? Este é o dilema da maioria dos que se aventuram no mundo do humor. É literalmente ignorar o estado de espírito. Ligar o foda-se para as emoções interiores.

O dia 11 de agosto de 2014 foi uma das datas mais tristes para os amantes da sétima arte. Um dos maiores atores de todos os tempos, morria neste dia. E a causa: suicídio. Enforcou-se em sua casa.

O homem que fez milhões rirem se entregou ao pior destino. Um final difícil de aceitar. Difícil de acreditar.

Será que Williams somente voltou à terra como pó ou sua alma vaga em outro plano? Será que Deus teve misericórdia? Ou não?

A vida não é fácil para ninguém, principalmente para os comediantes que devem nos fazer rir mesmo quando querem chorar.

Stefan Willian



sábado, 20 de maio de 2017

O último show

Imagem: Lucas Lima/UOL
Um show histórico e triste. Eu estava lá.
Foi em pleno sábado de aleluia, no dia 15 de abril, que Kid Vinil subiu pela última vez no palco.
O clima antes do show era ótimo. A turma dos anos 70, 80 e 90 estava em peso e o local repleto de fãs nostálgicos.
Era uma noite anos 80 no Clube Dom Pedro II, chamada Festa Retrô. Outros grandes nomes da música se apresentariam na noite como Kiko Zambianchi e Ritchie, além do DJ Black Show.

Kid Vinil não decepcionou ao assumir o microfone. Sua vitalidade era grande. Levantou o público lafaietense com os principais sucessos, "Eu sou boy", Tic Tic Nervoso", entre outros. Um verdadeiro representante do Rock Nacional. Músicos do Ultraje a Rigor o acompanhavam na noite histórica.
Tocou aproximadamente sete músicas e se despediu com o seu carisma característico. Em seguida, Zambianchi assumiu o palco. Foi quando na metade da segunda música tudo parou.
Um silêncio no palco, ninguém entendia nada. Olhares se cruzavam à espera de alguma resposta, de alguma informação. O que aconteceu??? Todos se questionavam.
Foi quando um representante do clube surgiu no palco dizendo que Kid Vinil tinha passado mal. Um choque que além de atingir o público também acertou em cheio sua produção. O músico foi atendido no local e em seguida transferido para um hospital de Conselheiro Lafaiete.
Seus companheiros não tiveram mais clima para tocar e a plateia compreendeu perfeitamente. O entusiasmo se apagara e dava lugar a preocupação.
Após um tempo foi transferido para São Paulo e no dia 19 de maio, infelizmente, não resistiu. Um ponto final na página da vida.
O escritor inglês Aldous Huxley disse certa vez: “Conhecimento não é aquilo que você sabe, mas o que você faz com aquilo que você sabe”.
E Kid Vinil soube passar como ninguém seu conhecimento sobre a história do rock às demais gerações. Um grande defensor do rock, do underground até os nomes mais conhecidos. Um oásis em tempos de músicas industrializadas e com prazos de validade cada vez menores.
Morre mais um grande nome da música e do rádio. E eu pensei que ele viveria pelo menos uns 100 anos! A Morte realmente não faz cerimônia e não pede licença.

Antônio Carlos Senefonte, Kid Vinil, que agora você esteja com os grandes nomes do Rock Nacional e da música brasileira: Raúl Seixas, Renato Russo, Cazuza, Cássia Eller, Chico Science, entre outros que você admirava e já se foram.
Que no céu tenha muita música boa!

E o pior de tudo é que político não morre...


Stefan Willian




quarta-feira, 17 de maio de 2017

Exorcizar não basta. Tem que orar e vigiar!


Que noite de quarta-feira foi esta! Parecia final de Copa do Mundo. A edição do JN foi tão tensa que até os apresentadores gaguejaram. 
Sejamos francos: tinha que ter um botão de reset na política brasileira e começarmos tudo de novo! Michel Temer autorizou a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. 
Que vergonha! Aulas de Ética 1, 2 e 3 nas escolas, faculdades e mais palestras sobre ética nas empresas, ainda vai ser pouco para mudar este quadro do país. 
Basta de políticos corruptos! Chega de impunidade! Chega de caixa 2! Parem as propinas! 
E, por favor! Parem de culpar somente um partido! A corrupção é geral e sistemática! Vamos às ruas lutar por um país melhor e menos sórdido. 
Como disse Martin Luther King: "Quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele". 
E teremos que protestar muito contra os que saem e os que herdarão o poder. Orai e vigiai! 
Somente uma pergunta:
Michel Temer renuncia até o fim de semana???

Stefan

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Haters: entre o ódio e a covardia


Na sociedade atual dois mecanismos servem de meios para disseminação do ódio e da raiva: o carro e o computador.

Motoristas são agressivos nos seus veículos diante do trânsito caótico. Já os haters são vorazes atrás do computador. Muitos se escondem em perfis falsos e utilizam deste mecanismo para disseminar o ódio pelo vasto mundo da internet. Para quem não conhece, hater "é um termo usado na internet para classificar pessoas que postam comentários de ódio ou crítica sem muito critério".

É o que mais existe atualmente. Pessoas do nosso próprio facebook são intolerantes a opiniões contrárias e destilam seu ódio. Em tempos de política e lava jato no Brasil nem se fala. Se a pessoa é de esquerda, de direita ou de centro vai ter que lidar com os haters de plantão. Que falam um monte de bobagem sem fundamentos.

Que se consideram os sabichões, mas não abrem um livro para ler, não se instruem e no fundo são mais massa de manobra do que imaginam.
Umberto Eco disse "As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade".

É o que ocorre com frequência. Essa pluralidade de opiniões infundadas, é um mar de lama que assola a população. O pior é quando se destinam a destruir uma pessoa. É muita falta do que fazer e excesso de imbecilidade.

A onda de bolsonáticos é assim, os coxinhas que só enxergam defeitos no PT também são outra classe de haters. Os esquerdopatas que só enxergam corrupção na direita também são outro grupo de fanáticos. Acaba que vira um empurra-empurra de acusações e no fundo está difícil encontrar um bom candidato para as próximas eleições.

Chega a ser doentio. Uma pessoa que se esconde atrás de um perfil falso para propagar sua raiva deveria se internar. É, sem dúvida, um ato de covardia. Esses também são assassinos, bandidos, fascistas.

Já os que não se escondem deveriam ser menos radicais, pois na política brasileira tudo pode acontecer. O caos já se instalou em todos os níveis e a corrupção exala por todos os lados, inclusive na própria sociedade.

Encerro com uma frase de Alexandre Dumas: "O orgulho de quem não pode construir é destruir". 

Stefan



domingo, 14 de maio de 2017

A vida sem literatura é vazia


É de se admirar as pessoas que notam um ipê em seu auge, algumas até tiram fotos.
A natureza faz um belo trabalho com as flores e as pétalas que deixam no asfalto.

Admiro as pessoas que contemplam o céu, as estrelas e a lua.
Em cidades grandes é cada vez mais difícil uma contemplação na selva de pedra, no mar de tecnologia e fios de tensão.

Aplaudo os que reservam um tempo para um filme mais reflexivo e sem uma série de explosões a cada segundo como recurso de prender a atenção.

Venero quem lê, pois a leitura afasta o indivíduo da ignorância. Olhar letrinhas em uma página é castigo para muitos, quase um insulto aos ignorantes.
Como diria Nelson Rodrigues: "De gente burra só quero vaias".

Não dá pra avaliar por baixo. Um país SUB será sempre SUBdesenvolvido sem a cultura da leitura.

A poesia é o despertar da sensibilidade da alma. A arte literária é a estética do texto somada a emoção que arremata o leitor no início, meio e fim.



Se a natureza faz um belo espetáculo diariamente, assim como os animais e seus instintos, o ser humano também é parte de tudo. Nos livros, na música, na interpretação cênica, ou na simples capacidade de se emocionar com a vida. Ele aqui está.

A literatura se faz presente nas pequenas coisas desde os diálogos, até na grandiosidade dos romances. E talvez, ela tem salvado o mundo. Agindo na história, na memória e nas representações. Salvando o mundo dos ignorantes, dos gananciosos que desmatam e matam, oposição feroz aos que destroem e nada constroem. Dos que a ignoram e não a percebem.
Hitler não percebeu a literatura quando uma garotinha lhe entregou uma flor. Apenas fingiu. Se percebesse, a história talvez seria outra.
E parafraseando Raul Seixas: no início, no fim e no meio está você!

Stefan


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Abaixo a responsabilidade! Que falta faz el provocador! Homenagem a Abujamra


Aaai de mim! Como um clamor inicio este texto. Uma ode a Abujamra! Um gemido grego, característica de suas aberturas. Assim iniciava Provocações.  
Há dois anos ele nos deixou. Antônio Abujamra, o maior provocador do Brasil. Um pessimista nato. Com seus suspensórios e língua afiada. Como dizia para seus entrevistados, a única coisa falsa do programa era seu abraço no final. 
Que saudade do Mestre Abujamra! Como queria conhecê-lo. Mas, ele se foi. E tanta gente chata poderia ter ido no seu lugar. Tanto político corrupto e logo ele se foi. 

Um programa que deveria ser tombado! Meu consolo é que existe o Youtube e eu posso assistir inúmeras vezes sua entrevista maravilhosa com o Mestre Rubem Alves. A maior entrevista da história da TV! Todo educador tem obrigação de assistir (acesso no link abaixo). 

A segunda maior, sem dúvida, foi a belíssima entrevista com Elza Soares. Magnífica. Que transparência em seu relato!

Entrevistou pensadores contemporâneos como Clóvis de Barros Filho, Luis Felipe Pondé, Mario Sergio Cortella.
Outros nem tão interessantes. Mas Abujamra era um verdadeiro provocador. Iluminava as coisas. Declamava poemas de Fernando Pessoa, Oscar Wilde, Mário Quintana, Veríssimo, Drummond, entre outros clássicos! Em sua voz os textos ganhavam mais vida! 
E o que é a vida? Perguntava sempre no encerramento para todos.
O que é a vida?! Insistia. 
O que é a vida? 
Que provocação! 

Stefan

Assista! 
Entrevista Rubem Alves: 

Entrevista Elza Soares:


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Cristo e datas mercadológicas


Todos somos alvos das datas comerciais e é quase heresia não fazer parte deste ciclo mercadológico alucinante.
Coelhinho da Páscoa que trazes pra mim.. um ovo, dois ovos, três ovos e Jesus já perdeu seu verdadeiro sentido no meio do chocolate.
O Natal, que simboliza o nascimento de Cristo, foi remodelado para atender certas necessidades. Primeiramente, Jesus não nasceu em dezembro. What?? Sério isso?
Sim, muito sério. A data real do nascimento de Cristo é uma incógnita. Há quem defenda que ele nasceu em abril, mas ninguém chegou a um dado comprovado cientificamente.
Trecho retirado de uma reportagem da Superinteressante: "Uma das hipóteses com maior número de defensores entre os estudiosos do tema sugere que, em algum momento do século 4, a Igreja fixou a comemoração no dia 25 de dezembro com a intenção de suplantar o antigo – e muito popular – festival pagão do Sol Invicto, que ocorria mais ou menos na mesma época do ano e era pretexto para comilanças homéricas".
Além de comilanças, presentes e mais presentes. E um velhinho carismático chamado Papai Noel surgiu depois. Mais um amiguinho para Jesus. Consumo e mais consumo a vista.
E nesta época tem sempre um carente nas empresas que dá ideia de amigo oculto. O Boticário adora essas pessoas. Haja sacolas de Hering, Cacau Show e Boticário neste período do ano. Haja abraços falsos nas empresas!
Mas o pior não é vender. O pior é se sentir obrigado a participar de algo.
O que não é espontâneo não tem valor. O pior é se sentir cobrado para atender protocolos sociais no meio destas datas mercadológicas.
O pior é o sentido vazio que reside em um presente e não em um abraço verdadeiro e em cartões prontos que o sujeito nem complementa com uma mensagem própria.
A memória desvirtuada que se perpetuou perde seu sentido no meio do turbilhão de ofertas.


Stefan


domingo, 7 de maio de 2017

Sou contra tradições religiosas baseadas no sofrimento



O escritor Rubem Alves disse certa vez, em uma das melhores entrevistas da história da TV brasileira no programa Provocações (apresentado pelo saudoso Antônio Abujamra), que muitas pessoas tem uma visão equivocada de Deus, como um ser sádico e cruel. "Deus se deleita quando vê os homens sofrendo. Muitos agem como fosse desta forma. E é por isso que as pessoas religiosas quando fazem promessas só usam artifícios como subir 400 degraus de joelhos, ou coisas do gênero. Ninguém oferece coisas boas para Deus do tipo ler um poema do Fernando Pessoa todos os dias pelas manhãs, para alcançar uma benção.
Esse pensamento de Rubem Alves nos faz refletir sobre muitas coisas, a começar pelo sentido da vida. Será mesmo que estamos aqui vivendo um purgatório?
Há religiões que interferem em detalhes da vida pessoal como assistir televisão ou o que assistir na televisão. Esse discurso que transforma Deus em uma entidade punitiva assume um papel extremo em algumas religiões fazendo com que indivíduos com grande capacidade de pensamento se bloqueiem e sejam completamente influenciados.
Nos tempos medievais quem pensava diferente era torturado e até queimado vivo em uma fogueira. A maior subversão era pensar. E muitos antepassados diziam com frequência a frase: Não pense muito porque você vai ficar louco.
Realmente pensar requer uma responsabilidade maior e nem todos tem esta capacidade, porém somente pensando conseguirão evoluir.
O grande mal que nos assola é fruto das escolhas do próprio homem repleto de imperfeições que julga, é preconceituoso, não tem moral e veste uma máscara para a sociedade, e não para Deus.
Talvez, esses são os piores e mais atrasados. O livre-arbítrio é a maior das leis.
Quem só planta coisa ruim um dia terá uma colheita surpresa.
Culpe Deus enquanto é conveniente. Mas, eu penso que Deus quer mesmo é que todos se levantem e sigam no propósito do bem.
A tradição religiosa baseada no sofrimento é mais um ato autopunitivo do que o Senhor Onipotente nos olhando com crueldade.
Deus é Amor.

Stefan

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Queluz - um nome!


Com todo respeito ao jurista que dá nome à minha cidade, Lafayette Rodrigues Pereira, mas Queluz era um nome lindo.
Vila Real de Queluz, mais precisamente, foi o nome do município, criado em 1790.
Lembro de minhas conversas com o saudoso museólogo, Antônio Perdigão, na época da faculdade. Ele dizia que no passado as correspondências eram trocadas entre a Queluz de Minas e a Queluz paulista. Uma confusão danada.
E assim, em 1934 Queluz virou Lafayette, Conselheiro Lafaiete. Até o Lafaiete sofreu mudanças.
Confesso, prefiro a poesia, simplicidade e riqueza do nome Queluz. Inclusive, a praça mais bela da cidade mantém o nome Queluz, Praça Barão de Queluz. As famosas violas de Queluz, símbolos de um tempo.
Gostaria que a cidade respirasse mais cultura e história, mas é fato que muita coisa se perdeu.
Descasos e omissões de administrações passadas com o patrimônio, que muito perdeu de sua história. Assim como em vários municípios brasileiros que crescem desenfreadamente e sem planejamento. Lafaiete não foge a regra.
Analisando fotos do passado, que sobreviveram ao tempo graças a muitos moradores cuidadosos, é notável as mudanças e descaracterizações. Casarões perdidos, alguns em total desmanche no centro da cidade.
Mas, ainda há belezas naturais. Ipês que florescem no meio de algumas casas que carregam suas histórias e ainda sobrevivem.
Moradores que carregam a poesia, a música e a arte em suas almas queluzianas.
Queluz, você ainda vive no coração de muitos.

Stefan

segunda-feira, 1 de maio de 2017

O ganancioso se fartou dos 7 pecados até morrer


Donato, o bom vivant para muitos, 
mas que não sabia seu limite. 
Quem vive a 200 km por hora não sabe desacelerar, 
tem que ganhar sempre, se acostuma com os louros individuais e falsos.  
E quando não se dá bem, arranja um jeito de prejudicar alguém. 

Vaidoso com seu terno,
passando por cima dos outros, com seu sorriso malicioso. 
Uma fachada para o mal,
o ser humano e sua ganância maior que a ambição. 

A ambição é natural, todos querem crescer, 
mas a ganância é gula. 
É inveja que se transforma em ira,
é preguiça do esforço justo,
é soberba desmedida,
é luxúria que não alcança o prazer, 
é avareza que se perde com os anos junto com a riqueza que também se vai. 

Assim foi Donato,
fez de tudo para se promover. 
Falsas amizades, lambeu o chão de todos os seus superiores,
se fez de bom moço, deu conselhos aos desavisados,
criou intrigas, traiu seus próximos, 
e subiu, subiu, subiu...

Um dia estava no topo,
e quando se viu no espelho pensou que era um deus. 
Mas, no mesmo instante se fartou. 
Queria mais e não tinha o mais. 
Olhou novamente no espelho e se fartou de si mesmo. 
Nem Donato se aguentava mais. 
Estava farto, cheio, rico. 
Olhou para trás e percebeu que não tinha mais ninguém,
nem a si mesmo.  

Stefan